imagem por Erika Zanon

Brincar ao ar livre favorece a alfabetização

Ao invés de tablets, celulares e videogames, crianças prestes a serem alfabetizadas devem ser estimuladas a pular, correr, dar cambalhotas, jogar bola, andar de bicicleta, escalar e realizar outras brincadeiras ao ar livre. Isto porque as atividades físicas são fundamentais para o desenvolvimento da coordenação motora grossa, relacionada à habilidade de realizar grandes movimentos como saltar e rolar, que usam músculos como braços, pernas, tronco e pés.
A coordenação motora grossa é fundamental para garantir a força necessária ao desenvolvimento da coordenação motora fina, relacionada a pequenos movimentos como pegar no lápis e cortar com a tesoura, tão importantes para o início das atividades de letramento. “Todas as áreas de desenvolvimento são inter-relacionadas e interdependentes, incluindo aspectos físico, social, emocional, cognitivo, de linguagem e alfabetização”, explica a educadora canadense Donna Ward, especializada em educação básica e educação física.
 Ela está em Londrina promovendo o treinamento das professoras da escola bilíngue Maple Bear Canadian School, que utiliza o sistema pedagógico canadense. Na escola, professoras das turmas de educação infantil e primeiros anos do Fundamental têm sido incentivadas a promoverem atividades físicas para reforçarem o processo de alfabetização. As crianças são levadas para fora da sala de aula onde podem explorar o jardim, o playground e até mesmo escalar árvores usando cordas. Todas as atividades visam prepará-los para a missão de ler, escrever e fazer contas.
De acordo com Donna, tais ações são necessárias porque as crianças devem ser aptas a executarem ações de forma suave e usando os dois lados do corpo ao mesmo tempo. Além disso, as atividades físicas auxiliam na concentração necessária para aprender a ler e escrever. “Meninos e meninas precisam ter a oportunidade de usar todo o corpo”, reforça ela, lembrando que o melhor lugar para aquisição destas habilidades é em ambientes multissensoriais ao ar livre, onde terão oportunidade de se envolver em conversas e discussões e, assim, desenvolver não apenas os músculos, mas também a linguagem através da comunicação oral. “Os espaços externos proporcionam liberdade de movimento para serem capazes de se expressar”, diz.
A educadora canadense defende que o movimento está no centro das vidas das crianças pequenas. “Elas usam seus corpos para aprender sobre o mundo ao redor. Atividades físicas também favorecem o desenvolvimento de habilidades sociais como cooperação e jogar um jogo seguindo a estratégia. O movimento ajuda a liberar energia a partir de fortes emoções, como a raiva. Por fim, crianças desenvolvem autoconfiança através dos movimentos”, pontua.
O cuidado com o corpo resulta em uma alfabetização mais tranquila e eficiente. Donna lembra que outras atividades são importantes para incentivar o interesse por números e letras. “Conversar com as crianças pequenas ajuda a desenvolver vocabulário e a leitura é sempre importante para promover a alfabetização”, ensina.

MAIS CASES
  • Autor: Toda Rede
  • Data: 15 de setembro de 2016