imagem por Erika Zanon

O caminho para a alfabetização

O conhecimento muda o mundo e precisa ser democratizado. Saber ler e escrever é fundamental para o desenvolvimento e autoestima de homens, mulheres e crianças e possibilita que superem contextos de pobreza e desigualdade social. É a direção, inclusive ou principalmente, para melhorar ou alterar os rumos de um país. E apesar de ser fundamental, na semana em que se comemora o Dia Mundial da Alfabetização (08 de setembro) os dados mostram que ainda há um caminho longo para ampliar as oportunidades e incluir as crianças nesse processo.

De acordo com dados da Unicef e da Unesco, em 2008, dos 117 milhões de crianças e jovens com idade escolar na América Latina e no Caribe, 6,5 milhões não frequentavam a escola. Além disso, 15,6 milhões estavam com atraso de dois anos ou mais, correndo grande risco de abandonar a escola. Diante desses indicadores, a Rede Latino-Americana de Organizações da Sociedade Civil pela Educação (Reduca) iniciou em agosto uma campanha de mobilização pela universalização do acesso e permanência das crianças e jovens na escola. A campanha, com a mensagem “A escola é sempre o melhor caminho”, envolve os 14 países membros do grupo. O Movimento Todos Pela Educação é o representante brasileiro na Reduca e vai promover a campanha no País.

A escola é o caminho, mas é importante ressaltar que o processo de alfabetização começa desde o nascimento da criança e nesse sentido a família tem papel fundamental para estimular e promover o aprendizado. A alfabetização começa assim que a criança nasce pois já está exposta à linguagem, sons e hábitos da sociedade vigente. Todas as informações ao seu redor, ao longo da sua vida, contribuem para o aprendizado escolar, mas o que é mais significativo é a relação da família e a importância que pais e responsáveis dão para o mundo letrado. Na escola, este conhecimento inicial é consolidado e estendido.

O trabalho dos dois lados - família e escola - é grande, mas o básico para promover o desenvolvimento dos pequenos. Em casa, pais e familiares podem estimular a alfabetização ao valorizar a leitura e a escrita, compartilhar informações acerca do mundo que nos cerca, estimular a prática da leitura diariamente, lendo para os filhos e disponibilizando materiais para leitura (gibis, revistas, livros infantis, jornais, etc.). Além disso, é importante estimular o desenvolvimento de habilidades motoras com as brincadeiras na rua ou em casa, pintar, colar, desenhar, jogar ou simplesmente estar com o filho em uma atividade pela qual ele se interesse.

Do outro lado, a escola oportuniza experiências e as conexões necessárias para a alfabetização, por isso é fundamental que todas as crianças tenham oportunidade e possibilidade de frequentar o ambiente escolar de qualidade. As atividades precisam ser planejadas para contemplar todas as habilidades que a alfabetização formal exige, trabalhando habilidades de coordenação motora fina e grossa e as cognitivas de conhecimento dos sons das letras e sua relação escrita. Na escola, é importante trabalhar habilidades para o desenvolvimento integral do indivíduo e as experiências reais sobre o mundo dão o referencial concreto para a alfabetização: aulas de culinária, visitas a mercados e bibliotecas, contação de histórias, teatro, aulas de ciências, músicas, entre outras.

A possibilidade de aprendizado e a evolução constante é uma habilidade humana e é claro que pessoas que não tiveram a oportunidade de se alfabetizar enquanto crianças, podem aprender, conhecer e experimentar algo novo com sucesso. Mas o desenvolvimento de habilidades de linguagem e escrita é mais indicado para crianças de até 8 anos porque elas estão em um período de desenvolvimento mental e físico apropriados. Por isso, não podemos perder de vista que a escola é o caminho e que as crianças precisam ter acesso a ele. É urgente que esse processo seja de qualidade e democrático. O mundo precisa que nossas crianças se desenvolvam de forma adequada e no momento certo.

Andrea Pizaia Ornellas é diretora de escola de educação infantil e ensino fundamental em Londrina

MAIS CASES
  • Autor: Toda Rede
  • Data: 08 de setembro de 2016