Oportunidades para jovens com deficiência
A qualificação profissional ainda é um dos principais gargalos para a entrada de pessoas com deficiência (PCD) no mercado de trabalho. Com o objetivo de oferecer formação a jovens portadores de deficiência em busca de oportunidades de emprego, a Plaenge implantou em Londrina a primeira turma do programa Jovem Aprendiz PCD. São cinco adolescentes e jovens com deficiência que, além de fazerem cursos profissionalizantes em entidades parceiras, também estão prestando serviços em diversos setores da construtora.
Um dos novos contratados da Plaenge é Pedro Henrique Gonçalves Alves, 18. Após sofrer um acidente ainda na infância que o deixou tetraplégico, Pedro havia acabado de terminar o Ensino Médio quando viu pelas redes sociais a oportunidade para jovens PCD na construtora. “Entrei em contato com a Epesmel e me inscrevi, mas achei que nunca iriam me chamar. Foi uma surpresa”, conta ele, que tem o incentivo da mãe, Eliane Cristina Gonçalves Alves, e do avô, Antônio Francisco Gonçalves.
O avô é quem traz Pedro diariamente de Jataizinho - onde vivem - para o trabalho em Londrina. “Estou disponível para auxiliar o Pedro porque considero o trabalho muito importante”, conta Antônio, um motorista aposentado que também passou a fazer parte da rotina da Vanguard Home, onde aguarda o Pedro até término do expediente que dura meio período. A Vanguard é uma empresa do Grupo Plaenge onde Pedro presta serviços na área de segurança do trabalho.
A mãe de Pedro é comerciante em Jataizinho e conta que, ao contrário de muitas famílias de jovens PCD, faz questão que o filho seja independente. “Muitos pais têm medo que os filhos saiam, mas em casa nós incentivamos o Pedro a ter autonomia, sempre tomando os cuidados necessários”, relata ela.
A tecnologia tem sido uma grande aliada para garantir que o adolescente cumpra as tarefas diárias. Como só mexe a cabeça, ele usa um “track ball” que manipula com a boca para substituir o que faria com as mãos. “Uso o teclado virtual do computador”, explica o rapaz, que está motivado com o trabalho. “Estou me dedicando para ser efetivado”, garante. O trabalho de Pedro é muito importante para a área. Ele é o responsável por alimentar planilhas de controle de documentos e treinamentos obrigatórios na segurança do trabalho.
O engenheiro de obras do Grupo Plaenge em Londrina, Omar Malouf Ibrahim, é o líder responsável pela integração do jovem aprendiz. “É uma experiência desafiadora, porém motivadora. Fico feliz por contribuir para a realização do desejo que o Pedro tinha de trabalhar”, conta.
Ele revela que, em breve, Pedro começará a fazer contatos telefônicos com os gestores das diversas áreas para informar sobre os exames e treinamentos. “Estamos buscando um software específico para ele operar o telefone. Além disso, a Vanguard Home será reformada e já incluímos no projeto a total adaptação do imóvel com itens de acessibilidade. Com a presença diária do Pedro na empresa, passamos a dar ainda mais importância para o tema”, conta.
A analista de recrutamento e seleção do Grupo Plaenge, Marimilia Dalpizzol Soler, é a coordenadora do Programa Jovem Aprendiz. Ela explica que a empresa sempre teve dificuldades para encontrar pessoas com deficiência aptas a trabalharem no grupo, conforme prevê a Lei das Cotas para PCD. “A solução foi investir no programa e oferecer qualificação aos mais jovens. O objetivo é que eles sejam efetivados sempre que tivermos vagas”, explica.
A empresa reúne hoje 17 pessoas com deficiência, além dos cinco contratados do Programa Jovem Aprendiz. Entre eles, quatro estão na área administrativa e um dos jovens, surdo, atua como aprendiz de pedreiro em uma das obras da construtora. Ela conta que a chegada desses jovens exigiu um trabalho de sensibilização dos líderes, que entenderam a importância de abrir oportunidades a essa parcela da população e os acolheram. “A falta de experiência é uma das principais dificuldades de acesso ao trabalho”, pondera.
Marimília lembra que a iniciativa só foi possível porque a empresa está aberta a investir em tecnologia e acessibilidade. “A chegada do Pedro está exigindo adaptações que vão abrir caminhos para outros profissionais com deficiência”, espera.
Mercado de trabalho
Conforme o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem no Brasil 45 milhões de pessoas com Deficiência. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) 2015, divulgada pelo Ministério do Trabalho, revelam que 403,2 mil pessoas com deficiência atuam formalmente no mercado de trabalho, correspondendo a um percentual de 0,84% do total dos vínculos empregatícios.
MAIS CASES- Autor: Toda Rede
- Data: 29 de maio de 2017