Técnicas de autorregulação na aprendizagem
O comportamento dos alunos tem sido um desafio cada vez maior nas escolas. A melhora na aprendizagem e no comportamento exigem fortes competências de autorregulação. “Algumas crianças não conseguem regular de forma eficaz a ansiedade ou o desentendimento de determinadas situações e, por sua vez, acabam não persistindo em atividades desafiadoras ou mesmo não sabendo lidar com momentos de conflito”, exemplifica a educadora canadense Donna Ward, especializada em educação básica. Ela está em Londrina para ministrar um treinamento de "self-regulation" para os professores da Maple Bear Canadian School e ajudá-los a identificar quando um aluno está fora ou está saindo do seu controle e de que forma podem contribuir para que a criança administre suas emoções.
Segundo Donna, muitos estudos mostram que a autorregulação prevê melhorias na alfabetização, no vocabulário e em habilidades matemáticas e é fundamental para o desenvolvimento social de uma criança. Na Maple Bear em Londrina, o treinamento será no modelo de “Zonas de Regulação”. A especialista explica que esse modelo ajuda os alunos a desenvolver regulação social, emocional e sensorial e trata-se basicamente da divisão das zonas em quatro cores, que ajudam as crianças a identificarem como se sentem ou onde estão. “São como em um semáforo: a zona vermelha significa "parar" porque a criança não está no controle; a amarela significa "cuidado" porque a criança está começando a perder o controle de suas emoções; a verde significa "bom para continuar" porque a criança consegue se autorregular; e a azul significa "mais devagar" porque a criança está cansada, entediada ou solitária”, explica.
Conforme a educadora, nesse sentido, os alunos exploram uma variedade de “ferramentas” para reconhecer em que zona estão e como voltar para a verde. Para voltar para a zona “regular”, a escola pode adotar técnicas calmantes, como de respiração, músicas, deixar a criança se mover (brincar na área externa) e ainda usar objetos sensoriais, além de brinquedos, ampulhetas, fones de ouvido, dados, entre outros instrumentos.
“O objetivo é conseguir identificar o que tira a criança de sua regulação e assim encontrar a melhor maneira para ela voltar para a zona verde”, acrescenta Andrea Pizaia Ornellas, diretora da escola. Ela cita que tem crianças que não toleram barulho e ficam ansiosas e estressadas quando vai ter alguma atividade em sala de aula que tenha mais “movimento”. “Como ajudá-la? Podemos conversar com ela, oferecer um fone de ouvido para que ela continue a aula sem se incomodar com o barulho, podemos aplicar técnicas de relaxamento e outras alternativas que permitam que ela se autorregule e possa participar da atividade”, exemplifica.
Ao ensinar a autorregulação às crianças, lembra Donna, os professores devem estar conscientes dos gatilhos, comportamentos, motivadores, ferramentas, estratégias e metas para cada aluno. O programa fornece uma lista de verificação para que o professor registre o padrão de comportamento de cada aluno e quais estratégias funcionam melhor para levá-lo a controlar suas emoções. “É importante rastrear os comportamentos diariamente”. Segundo Donna, as crianças desenvolvem habilidades de autorregulação nos primeiros 5 anos de vida e à medida que se desenvolvem essas capacidades se tornam mais sofisticadas.
A especialista canadense destaca que essas técnicas de autorregulação podem ser aplicadas em outros ambientes, por pais, cuidadores e professores. “As crianças precisam ser ensinadas a se autorregular e monitorar seus sentimentos e ações em uma variedade de situações, mas é um processo que se desenvolve lentamente”, frisa. Ainda cita que as crianças podem ganhar autocontrole com modelagem de comportamentos apropriados, com mensagens que as incentivem a se acalmar, com técnicas relaxantes, como respiração e música, ajudando-as a rotular seus sentimentos, além de fornecer organização, consistência e estrutura na vida cotidiana.
MAIS CASES- Autor: Toda Rede
- Data: 16 de março de 2017